É quase um segredo de Estado, ainda que no papel já esteja tudo ali, preto no branco. E, enquanto o governo não confirma nem desmente a possibilidade de privatização da BahiaGás, nos bastidores o mercado já afia os dentes para a fatia suculenta que a estatal representa.
O roteiro dessa novela estreou em 2022, em pleno fervor de uma eleição. A BahiaInvest publicou no Diário Oficial um comunicado claro: “Aviso de licitação para estudos técnicos de desestatização da Bahiagás”. O timing, convenhamos, foi péssimo. Afinal, não é segredo que a ideia de “privatizar” soa mal entre eleitores à esquerda. Para abafar a polêmica, o então governador Rui Costa mandou anular o edital, alegando um mal-entendido. Foi só passar a eleição e uma nova licitação foi publicada, desta vez citando um “estudo técnico” e suprimindo o nome da BahiaGás.
Diretor de comunicação do Sindiquimica, Alfredo Santos Júnior não tem dúvidas de que a retirada do nome foi uma estratégia para manter o plano nos bastidores. Mas o contrato de 148 páginas com a Genial expõe os planos. “Ele prevê reuniões com potenciais investidores, roadshow em cidades dos Estados Unidos, da Europa, em Salvador. E ainda prevê que a contratada deve elaborar relatório que identifique e avalie potenciais investidores, indique o preço mínimo das ações da BahiaGás e inclusive forneça um modelo de minuta de contrato para compra e venda de ações. Então não tem como ser só estudos técnicos”, pontua.
Mas o poço é muito mais profundo, porque o governo já tem total liberdade para privatizar a BahiaGás, graças a uma lei aprovada na Assembleia Legislativa (AL-BA) em 1997, quando ninguém imaginava a lucratividade e o interesse privado rondando a estatal. O deputado Hilton Coelho (Psol) já apresentou um projeto para revogar a lei, mas na AL-BA o assunto parece despertar mais sussurros amedrontados do que indignações.
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