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Veja como ministro do STF ajustou investigações relacionadas a bolsonarista, segundo jornal

Conforme o jornal, que obteve acesso às conversas, os diálogos revelam que os relatórios eram ajustados quando não atendiam às expectativas.

14/08/2024 08h49 Atualizada há 3 meses
Por: Karoliny Dias Fonte: BNews
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil e Reprodução
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil e Reprodução

Conversas entre o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), então sob sua liderança, sugerem que os alvos de investigação frequentemente eram selecionados pelo próprio ministro ou por seu juiz assessor. As informações foram divulgadas pela Folha de São Paulo.

Conforme o jornal, que obteve acesso às conversas, os diálogos revelam que os relatórios eram ajustados quando não atendiam às expectativas do gabinete do STF. Em alguns casos, os documentos eram preparados de forma a justificar ações já determinadas, como a aplicação de multas ou o bloqueio de contas e redes sociais.

Segundo a publicação, as mensagens foram trocadas entre Airton Vieira, juiz instrutor no gabinete de Moraes no STF, Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no TSE, e Eduardo Tagliaferro, que à época chefiava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), subordinada a Moraes na corte eleitoral.

Conforme a reportagem, as conversas revelam o seguinte sobre cada um dos alvos:

Revista Oeste

Airton Vieira orientou Tagliaferro a levantar informações sobre a revista Oeste, uma publicação de perfil de direita, com o objetivo de desmonetizá-la nas redes sociais.
Tagliaferro relatou que não encontrou nada relevante nas publicações da revista, mas foi instruído a usar sua "criatividade" para identificar possíveis excessos nas opiniões publicadas.

Eduardo Bolsonaro

Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Alexandre de Moraes, pediu a Tagliaferro que investigasse a ligação entre Eduardo Bolsonaro e o argentino Fernando Cerimedo, que havia disseminado teorias conspiratórias sobre a eleição. Tagliaferro encontrou um vídeo de Eduardo Bolsonaro que poderia ser usado para vinculá-lo a Cerimedo, e isso foi suficiente para avançar com as ações. Vargas brincou que se Eduardo Bolsonaro fosse preso, "o Brasil entraria em colapso."

Rodrigo Constantino

Moraes, por meio de Airton Vieira, solicitou a produção de um relatório detalhado sobre Rodrigo Constantino, que deveria ser caprichado e submetido ao STF. Houve dificuldades em alterar relatórios para evitar menções diretas ao ministro Alexandre de Moraes, mas Tagliaferro trabalhou para ajustar os documentos conforme as diretrizes.

Paulo Generoso e Paulo Figueiredo

Airton Vieira solicitou que Tagliaferro encontrasse postagens de Paulo Generoso e Paulo Figueiredo que criticassem as eleições ou defendessem um golpe, para serem incluídas em relatórios. Houve dificuldades em encontrar material que não mencionasse diretamente o ministro Moraes, o que exigiu ajustes e novas versões dos relatórios.

Maria do Carmo Cardoso

Marco Antônio Vargas pediu a Tagliaferro que investigasse a juíza Maria do Carmo Cardoso, amiga da família Bolsonaro, por suas postagens nas redes sociais. As postagens, que criticavam a Copa do Mundo e apoiavam acampamentos golpistas, foram usadas para preparar um relatório, que foi encaminhado ao STF e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Defesa

Em sua defesa, o gabinete de Moraes disse que "todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República".

Já Tagliaferro afirmou que não se manifestará, mas que "cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade".

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