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Bahia Acidentes

George Paim, da PRF, fala sobe acidentes em rodovias baianas

PRF falou ainda sobre fiscalizações e ultrapassagens indevidas, principal causa de acidentes na região.

08/07/2022 12h55
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Foto: Redes Sociais
Foto: Redes Sociais

 Cinco pessoas de uma mesma família morreram em um acidente de carro na BR-324, trecho do município de Tanquinho, na noite desta quinta-feira (7). Entre as vítimas está um ex-candidato a vereador, Adailton de Brito Lima, de 38 anos, conhecido como Adailton Serralheiro. Estavam ainda no carro a irmã dele, Maria de Brito Lima, a mãe, Faustina de Brito Lima, a esposa, Mariana do Sacramento Gomes Lima, e o bebê e filho do motorista, Moisés Sacramento Lima.

George Paim, da Polícia Rodoviária Federal, afirmou que tem realizado muitas fiscalizações no local e tem percebido que a ultrapassagem é a principal causa de acidentes na região. “Os acidentes naquela região acontecem em sua grande maioria por imprudências no momento de ultrapassagem. Principalmente ultrapassagem em locais proibidos. Em lombadas, em aclive sem visibilidade”, disse.

O PRF disse ainda que a rodovia sofre manutenção as vezes e por mais que haja uma sinalização por parte do DNIT, com o tempo a chuva, os veículos passando e as intempéries farão com que a sinalização vá enfraquecendo a tonalidade. Por isso, periodicamente, o DNIT ele faz as pinturas de faixas, assim como as concessionárias dos trechos que são concedidos. “Mas, independentemente da sinalização, observamos é que o condutor ele é imprudente, ele é irresponsável na grande maioria das vezes e termina provocando acidentes. Raramente tivemos acidente naquele trecho em virtude de defeito da pista. A grande maioria ainda é por ultrapassagem”, explica.

Sobre o acidente que aconteceu, Paim afirmou que ele já está sendo apurado e será feito um parecer pela equipe que esteve presente no local. “Mas a princípio, pelas informações preliminares que eu pude colher, foi uma ultrapassagem indevida também”.

Ele disse ainda que a PRF notificou no dia de ontem dois acidentes ontem com óbitos. Um na BR-116 Sul, onde o motorista do caminhão morreu e ficou preso entre as ferragens, e esse na BR-324 onde o motorista fez uma ultrapassagem em um local com faixa contínua e terminou colidindo frontalmente com o veículo de carga.

Questionado sobre se algum dispositivo poderia ser colocado no local para evitar os acidentes, Paim disse que as pessoas ultrapassam, além de estar em alta velocidade, sem visibilidade e esse é o grande problema. “Às vezes, com uma velocidade excessiva, você termina saindo da via. Alguns acidentes que vemos no local é que a pessoa vai ultrapassar onde não dá, tenta voltar, perde a direção do veículo e sai da via capotando. As pessoas tem que lembrar que estamos falando de física. se você está a 80 km/h e vem um carro em outra direção a 80 km/h, se você bater será uma colisão de 160 km/h. Por isso que as ultrapassagens indevidas são responsáveis por um terço das mortes no trânsito”.

Paim disse ainda que todos os trechos da via que são sinuosos, de muitos aclives e que são de pista simples estão sinalizados horizontalmente na pista. E esses trechos estão tendo com uma certa frequência acidente do tipo de colisão frontal. “O motorista vai saber que a área é altamente perigosa, principalmente para ultrapassagem, pela sinalização horizontal. A faixa contínua está dizendo para não ultrapassar. E as pessoas abusam dessa sinalização e isso não acontece apenas nessa via. Flagramos esse tipo de ultrapassagem aqui também na BR-116 nos trechos que são de pista simples. É mais uma falha do condutor do que exatamente da via. É o motorista abusando”.

A multa para quem faz esse tipo de ultrapassagem é de R$ 1.467,00, se não for forçada. Se for uma ultrapassagem forçada, independente de ser faixa contínua ou não, é uma multa de R$ 2.934,70. E ainda pode ser as duas multas juntas quando o motorista estiver ultrapassando em faixa contínua e ainda ultrapassar forçado, jogando os outros veículos para fora da via, explica. “As pessoas que pegamos ultrapassando já foram pegas três, quatro vezes pelo mesmo motivo. O que fazemos com o condutor desse? É muito difícil”.

Esse tipo de acidente acontece muito em período de férias. São pessoas que são pessoas que estão acostumadas ao trânsito urbano, passam o ano quase todo atrás de uma mesa do escritório e chega no período de férias e diz que vai rodar o Brasil de carro. “Rodar na cidade não é a mesma coisa que rodar na estrada. Não é a mesma postura. Eu tenho que ter experiência, tenho que entender que é um fluxo diferente e as velocidades são diferentes. Por exemplo, a distância mínima que você tem que estar do carro da frente é de 20 metros para ter tempo de reação e frenagem e evitar uma colisão”.

As pessoas que não tem habilidade em estrada tem que entender que precisam mais ainda respeitar a sinalização e os limites de velocidade por não terem tanta habilidade para se livrar de obstáculos ou fatores surpresa no decorrer do trajeto.

O Brasil está entre os 100 países do mundo que mais mata no trânsito. Para Paim, só é possível reduzir esses números com educação. “Trabalho constante com a educação para o trânsito. Continuar insistindo para as autoridades desenvolverem a educação para o trânsito nas escolas de base. Eu tenho que lembrar que parte dessas pessoas que são vítimas de acidentes são pedestres, são ciclistas, são pessoas que não estão dentro de um veículo. Às vezes, a pessoa não sabe sequer utilizar uma faixa de pedestre. Para usá-la, eu tenho que me posicionar ao lado da faixa, preferencialmente fazer um sinal de mão acenando o meu braço para chamar a atenção que eu estou ao lado da faixa para que o veículo se programe para parar”.

O trânsito ele é complexo, destaca Paim. Para ele, se começar a ensinar as pessoas desde cedo para assim evitar que acidentes ocorram. “Todos nós somos pedestres, temos que ter uma boa conduta como pedestre. Eventualmente somos passageiros, temos que ter uma boa conduta como passageiros, entrar nos veículos, já colocar o cinto de segurança, se for motocicleta tenho que colocar e afivelar o capacete, não ficar chamando atenção do motorista, fazendo coisas que possam prejudicar a sua dirigibilidade. E, como o condutor, mais ainda lembrar que eu sou responsável por vidas. Além da minha própria vida, pela vida de terceiros. O Brasil ele precisa melhorar o aspecto da educação e no aspecto cultural também”.

Na opinião do PRF, infelizmente país valoriza muito a cultura do erro. “Nós temos a cultura do álcool também muito forte. Se você para a pessoa que está dirigindo alcoolizada, ela acha que você está importunando porque ela não fez nada demais. Infelizmente, eventualmente vemos formadores de opinião se posicionarem dizendo que tem uma espécie de rigor. Será que temos um excesso de rigor com a quantidade de mortes que temos no Brasil hoje de fato? Eu acho que se tivéssemos um excesso de rigor teríamos números bem mais calmos, mais prudentes e vamos dizer assim, dentro de uma faixa mais aceitável porque para mim continua sendo inaceitável a perda de uma vida, seja por acidente, seja por crime. A vida é um bem inalienável, o bem mais precioso e tem que ser valorizado sempre”, opinou.

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