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Política "Vidro da vergonha"

Vereador apresenta projeto para retirar vidro que separa plenário das galerias da Câmara

Silvio Dias (PT) ressalta que o vereador tem que estar sujeito a pressão popular. José Carneiro (MDB) discorda. Para ele, o passado mostra que pode ser perigosa essa retirada.

19/05/2022 12h15 Atualizada há 4 anos
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News

Vereador Silvio Dias (PT) - Foto: ASCOM / Câmara Municipal

O vereador Silvio Dias (PT) é o autor de um projeto de resolução que pede a retirada do vidro que separa as galerias da Câmara Municipal de Feira de Santana, onde fica o povo, do plenário, onde fica os vereadores. O vidro está lá há 20 anos e foi colocado na época que em Antônio Carlos Coelho era presidente. Cinco anos depois, um projeto foi apresentado pelo ex-vereador Marialvo Barreto (PT) pedindo a retirada do mesmo. Hoje, é Silvio que reapresenta a mesma proposta.

O petista, que é vice-presidente da Casa, ressalta que a vidraça restringe a população de se manifestar. “Ela separa o vereador do povo que o elegeu. Em 2007 o vereador Marialvo colocou esse projeto e agora nós estamos reapresentando por entender que a função do pública do vereador tem que estar submetida a pressão popular”, disse.

Para ele, o vereador, diferente do Poderes Executivo e Judiciário, precisam estar junto do povo, ser pressionado por ele e a vidraça diminui essa possibilidade que é o cerne do Poder Legislativo, do Parlamento. “A ideia é essa, sofrer pressão popular. Lembrem de como acontecia na Grécia antiga. A ação parlamentar acontecia em um estádio aberto e com a pressão popular”, explica.

Outras Casas Legislativas ao redor do Brasil também construíram essas barreiras e estão retirando-as, como a Câmara Federal, ressalta Silvio. “Espero que esse projeto seja aprovado para que retiremos esse vidro, que é o vidro da vergonha aqui da Câmara de Vereadores. Vereador não pode ter medo do povo. Na época de eleição ele não sai abraçando um e outro de casa em casa, então porque quando é eleito tem medo de se aproximar do povo? Não pode. Ele tem que estar sim sujeito a pressão popular”.

Ele tem dialogado com os colegas. Uns são favoráveis a proposta e outros não. “O vereador que teme a retirada é porque teme a manifestação popular. Acredito que conseguiremos aprovar na Casa o projeto porque o povo participa dos trabalhos da Casa e sei que os vereadores entenderão essa necessidade de manter a transparência e a publicidade daquilo que é realizado na Câmara”.

Plenário e galerias da Câmara Municipal de Feira de Santana - Foto: ASCOM / Câmara Municipal

Contraponto

Contrária a posição do vereador petista está o vereador José Carneiro (MDB). Carneiro, que já foi presidente da Casa da Cidadania, disse que respeita a posição do colega, mas que não compartilha da ideia. Ele acredita que o vidro é para garantir a integridade física dos cidadãos e cidadãs, em especial os vereadores e funcionários da Câmara que estão no plenário.

“Ele está chegando agora e não viveu momentos de situações diversas que eu já vivi já que estou aqui há 22 anos. Já presenciei manifestações que tiveram inclusive atos de violência. Que não se lembra de cadeiras jogadas, de vereadores sendo atropelados por pessoas e discussões que já houveram no passado”.

Ele pediu a Silvio que ele falasse com os deputados da base do governo de Rui Costa para expor os seus colegas na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), que estão tão protegidos lá dentro. “Discordo veementemente dessa retirada”.

Resposta

Em resposta, Silvio disse que a vidraça inibe a manifestação popular e ele não concorda com isso porque os vereadores tem que estarem à disposição do povo. “Essa história de situação A e B do passado é porque os vereadores estavam acostumados a estar distantes do povo e daquilo para que foram eleitos. Não há um porque para manter esse vidro”.

Quando aos deputados estaduais, Silvio disse que eles têm a possibilidade de fazer lá, mas enquanto vereador ele tem que cuidar da sua missão e não estar preocupado com a Alba. “É uma vergonha manter essa separação, segregação do vereador do povo que deu a ele o seu mandato”, finalizou.

Com informações do repórter Edvaldo Peixoto

 

 

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