Sexta, 18 de Outubro de 2024 15:21
75 9 9702 9169
COVID-19 Menos eficaz

Máscara de pano está entre as menos eficazes contra Covid

Taxa de eficiência ficou em 40%, contra 95% da proteção oferecida pela PFF2, a mais indicada para reduzir o contato com partículas contaminadas. Mesmo assim, muita gente ainda usa o equipamento caseiro.

27/01/2022 08h46
Por: Karoliny Dias Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

No começo da pandemia do novo coronavírus, quando ainda não se sabia bem como a contaminação funcionava, as máscaras de tecido foram a primeira resposta para proteger a população diante da possibilidade de faltar máscaras cirúrgicas e respiradores para os profissionais da saúde. Porém, quase dois anos depois da crise sanitária começar, não falta quem ainda saia com o equipamento caseiro. A reportagem esteve na região do Centro de Salvador, perto de dois pontos de aplicação da vacina contra a Covid, e flagrou cidadãos usando tudo quanto era tipo de máscara: de tricô, de helanca, com paetês, bordada, e até acrílica. Embora alguma máscara pareça melhor do que máscara nenhuma, a eficácia desses modelos na proteção não é satisfatória.

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) publicado no periódico Aerosol Science and Technology avaliou 227 tipos de máscaras diferentes, entre as cirúrgicas, de pano, de Tecido Não Tecido (TNT) e as Peças Faciais Filtrantes (PFF), e notou que os EPIs caseiros se saíam mal quando comparados com outras categorias: a média de eficiência ficou em 40%, contra 95% da PFF e 80% da cirúrgica. Como o material e a técnica usada nas máscaras de tecido variam muito de um fabricante para outro, a proteção pode despencar para até 15%, a exemplo das máscaras de tricô, que tem uma trama muito aberta. Por aqui, o modelo mais vendido é um de malha matelassê réplica de uma grife famosa, que sai a R$ 2 a unidade nos coletivos.

“Muita gente prefere essa (de pano) porque não aperta, não machuca, não prejudica a fala. E não é fina igual a umas que eu vejo vendendo”, comentou o ambulante Felipe Santos, que anunciava as vantagens do seu produto na altura da Joana Angélica. “Eu mesmo tenho usado uma cirúrgica por baixo e essa por cima. Não peguei nada ainda”. Fernando Morais, doutorando no Instituto de Física da USP e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) diz que os problemas estão na capacidade de filtração de cada material e seu desgaste a cada lavagem. “De modo geral, máscaras com costura no meio protegem menos, pois as máquinas fazem furos no tecido que aumentam a passagem de ar”, explicou o primeiro autor do artigo sobre o desempenho das máscaras.

Outra questão importante elencada por Morais é a presença do clipe nasal, presente nas máscaras cirúrgicas e nas PFF; de acordo com o pesquisador, ele ajuda a melhorar a filtragem e ajusta melhor ao rosto, aumentando a proteção. Entretanto, para os infectologistas, o momento da pandemia pede pelo uso de máscaras mais eficientes que as de pano. “As melhores opções são as máscaras N95/PFF2. Essa máscara tem 95% de filtragem, tem um filtro eletrostático que segura exatamente essas gotículas. Elas são excelentes, principalmente em ambientes fechados, reuniões, locais com situações onde tem gente que se aglomera, transportes públicos”, recomendou o infectologista Antônio Bandeira. Ele ressaltou que a PFF pode ser reutilizada contanto que não se molhe ou limpe, por perder a camada filtrante. “Ela é uma máscara industrial, já feita para você usar”. A orientação é de guardá-las num local arejado por pelo menos três dias, e a média de reutilização é de três a cinco usos, quando o respirador deve ser descartado.

“Quem puder não utilizar máscara de pano no transporte público, ou em ambientes fechados como reuniões, faça isso. As máscaras de pano são as mais contaminadas”, comentou o infectologista. Com os aerossóis sendo confirmados como o principal meio de infecção pela Covid-19, há quem não queira nem ver uma máscara de pano, por se sentir desprotegido com ela. “Não faz mais o menor sentido pra mim. Eu uso uma PFF e uma máscara cirúrgica por cima”, disse a artista Jeane Marques. A estudante Carina Santos sai pouco de casa, mas quando precisa ir a algum compromisso, o equipamento caseiro não é uma alternativa. “Eu acho muito difícil conseguir se sentir segura usando máscaras de pano. Acredito que todos deveriam ter acesso no mínimo às máscaras cirúrgicas”.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.