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Equipes da TV Bahia e Aratu são agredidas por seguranças e apoiadores de Bolsonaro

Um dos seguranças segurou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte interna do antebraço, numa espécie de "mata-leão", durante visita de Bolsonaro a áreas alagadas na Bahia

13/12/2021 08h44 Atualizada há 4 anos
Por: Karoliny Dias Fonte: Bahia.Ba
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

As equipes da TV Bahia, afiliada da Globo, e da TV Aratu, afiliada do SBT, foram agredidas neste domingo (12) em Itamaraju por seguranças e por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante a visita dele à região, atingida pelas chuvas no extremo sul baiano. As informações são do portal G1.

De acordo com a publicação, a repórter Camila Marinho e o cinegrafista Cleriston Santana (da TV Bahia) aguardavam o pouso do helicóptero do presidente no estádio municipal Juarez Barbosa. Ao descer do helicóptero, o presidente seguiu em direção à lateral do campo de futebol.

Os repórteres da TV Bahia e da TV Aratu tentaram se aproximar para entrevistar Bolsonaro, mas a equipe de segurança agiu para impedir a aproximação das duas equipes.

O G1 informa que um dos seguranças segurou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte interna do antebraço, numa espécie de “mata-leão”. Essa imagem não pôde ser registrada devido a confusão no momento. 

Um segurança pessoal também tentou impedir que os jornalistas erguessem os microfones em direção a Bolsonaro. E, quando os microfones esbarraram nele, disse que os repórteres estavam batendo nas costas dele.

“Se bater de novo vou enfiar a mão na tua cara. Não bata em mim, não batam em mim”, disse o segurança.

Nas imagens, é possível ver um apoiador do presidente que estava em volta puxou os microfones, e o aparelho da TV Bahia teve a espuma rasgada. De acordo com a publicação, a pochete da repórter Camila Marinho também foi arrancada por outro apoiador e depois recuperada por um repórter.

Os jornalistas da TV Aratu Xico Lopes e Dário Cerqueira também tinham sido agredidos.

Só depois da confusão a assessoria de imprensa da Presidência chamou os repórteres dos dois veículos para dentro do local. Um dos integrantes da segurança pediu desculpas pelo que havia ocorrido do lado de fora.

Em nota, a Rede Globo repudiou os atos e pediu por providências. Leia na íntegra:

A TV Globo afirma que as agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo, tendo como relator o ministro Dias Toffoli. A imprensa cumpre um direito inscrito na Constituição e deve ter a sua segurança garantida.

As cenas bárbaras de hoje e aquelas ocorridas na Itália, no dia 31 de outubro, ensejam duas constatações: se os seguranças agem por conta própria, a Presidência deve ser responsabilizada por omissão. Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas.

Além disso, é escandalosa a atitude da Presidência de deixar jornalistas à própria sorte, em meio a apoiadores fanáticos, que são insuflados quase diariamente pelo próprio presidente em sua retórica contra o trabalho da imprensa.

Em nota, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado da Bahia (Sinjorba), Moacy Neves, e a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, também repudiaram a ação dos seguranças e apoiadores de Bolsonaro. Leia abaixo:

NOTA

Agressão de seguranças e apoiadores de Bolsonaro a jornalistas na Bahia são a face de um governo autoritário e violento

Em mais um caso de ataque ao trabalho da imprensa, duas equipes de reportagem - TV Aratu e TV Bahia - foram agredidas neste domingo (12) em Itamaraju, Extremo Sul do Estado, por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Durante o episódio, mais um que se soma ao rol de fatos idênticos que envolvem este governo autoritário e violento, os colegas Chico Lopes e Dario Cerqueira (Aratu) e Camila Marinho e Clesriton Santana (Bahia) foram atacados para impedir que eles se aproximassem do presidente. 

Segundo noticiou o Correio 24h, um dos seguranças segurou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte interna do antebraço, numa espécie de "mata-leão" e teve a pochete roubada na confusão, que foi recuperada depois. Já o repórter Chico Lopes levou um tapa de outro segurança, quando a equipe do presidente tentou impedir que os jornalistas das duas emissoras erguessem os microfones em direção a Bolsonaro. Um apoiador atacou os microfones das equipes e rasgou a espuma que cobria o da TV Bahia, além de ameaçar desferir um soco em direção aos colegas. 

Este comportamento agressivo do presidente e seus apoiadores não é novidade. Se há algo novo é que as ações estão se tornando cada dia mais explícitas e violentas. É da natureza deste governo e do bolsonarismo como corrente política a prática da intimidação e violência contra quem não o apoia da forma cega como faz parte de seus seguidores. 

Na raiz da violência do presidente, seguranças e seguidores, está a postura antidemocrática e autoritária que caracteriza esta corrente política e é sua forma de imposição e reconhecimento. Este governo elegeu a imprensa como inimiga porque quer se esconder da sociedade e omitir da população a tragédia que são os três anos da pior gestão presidencial da história democrática do país. 

Segundo levantamento feito anualmente pela Fenaj, desde 2019 vem crescendo o número de ocorrências de ataques contra a imprensa, sendo que mais de 40% destes casos estão diretamente ligados ao presidente e seus apoiadores. É evidente que o clima de violência contra jornalistas tem relação íntima com as falas de Bolsonaro e seus filhos, que fazem um discurso a seus seguidores mais radicais indicando parte da imprensa e do jornalismo como inimigos do governo.  

O Sinjorba e a Fenaj se solidarizam com os quatro colegas agredidos e exigem que o Supremo Tribunal Federal (STF) se posicione sobre estas atitudes do governo, que já são fruto de uma Ação do partido Rede Sustentabilidade na corte. As entidades também pedem uma postura mais firme das empresas de comunicação contra as agressões e na condenação das mesmas, inclusive exigindo reparação judicial. Sindicato e Federação também convocam a categoria a uma reação mais coletiva, lembrando que em 2022 teremos eleições e este comportamento violento pode ser recrudescido e trazer trágicas consequências. 

Moacy Neves – Presidente do Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas da Bahia)

Maria José Braga – Presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas)

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