O rendimento médio mensal real de todas as fontes de renda das pessoas com algum rendimento na Bahia chegou a R$ 2.028 em 2024, um aumento de 8% em relação a 2023, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE. Apesar do avanço expressivo e de ser o terceiro crescimento consecutivo, o valor ainda é o terceiro menor entre os estados brasileiros — acima apenas dos registrados no Maranhão (R$ 1.869) e no Ceará (R$ 1.927).
O crescimento da renda no estado foi impulsionado principalmente pelo aumento nos rendimentos do trabalho, que avançaram 11,8% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 2.165. A alta indica uma melhora no mercado de trabalho local. Por outro lado, a renda proveniente de programas sociais foi a que mais recuou (-1,8%).
A supervisora do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, destacou em entrevista à Tribuna da Bahia que os números trazem uma série de boas notícias. “Esse rendimento total, que considera o trabalho e outras fontes de renda, cresceu 8% no estado entre 2023 e 2024. É um avanço real, já descontada a inflação. Embora não seja o maior valor da série histórica, é o segundo maior, só ficando atrás de 2020, que foi um ano atípico por causa da pandemia, quando houve um aumento fora do padrão, tanto nos rendimentos de trabalho quanto em auxílios emergenciais”, explicou.
Viveiros acrescentou que o principal fator por trás da alta foi o rendimento do trabalho. “O que mais puxou esse crescimento foi o rendimento de trabalho. Isso é uma boa notícia porque reflete um mercado de trabalho mais dinâmico e uma economia em recuperação. O aumento de 11,8% nesse tipo de rendimento mostra que há uma melhora consistente”, afirmou.
Com esse desempenho, a Bahia subiu uma posição no ranking nacional, deixando de ter o segundo menor rendimento médio total do país em 2023 para ocupar o terceiro menor em 2024. Ainda assim, o valor representa apenas dois terços da média nacional, que ficou em R$ 3.057. No Brasil como um todo, o aumento foi mais modesto: 2,9% em relação a 2023.
Entre os fatores que contribuíram para a melhora da renda baiana, o rendimento médio domiciliar per capita teve aumento recorde de 14,4% entre 2023 e 2024, chegando a R$ 1.342 — o maior valor em 13 anos.
Além da valorização do salário médio, houve redução na desigualdade de renda. O Índice de Gini, que mede a concentração de renda (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade), caiu de 0,500 em 2023 para 0,492 em 2024 na Bahia. Foi a primeira queda após um período de aumento entre 2022 e 2023. O recuo foi puxado pelo aumento mais expressivo entre os trabalhadores que recebiam menos. Os 5% com os menores salários viram um crescimento de 31,3% em sua remuneração média, que passou de R$ 112 para R$ 147 mensais.
A concentração de renda entre os mais ricos, no entanto, continua significativa. O 1% dos trabalhadores com os maiores rendimentos na Bahia, cerca de 65 mil pessoas, recebeu em média R$ 25.283 por mês em 2024 — valor 30,4 vezes superior ao dos 50% com os menores salários, que ganhavam, em média, R$ 832. Apesar da disparidade, a diferença já foi maior: em 2012, esse índice era de 43,5 vezes.
Mesmo com a queda geral da desigualdade, disparidades por sexo e raça continuam marcantes. Em 2024, as mulheres baianas ganhavam em média R$ 2.015, o que representa 88,6% do rendimento médio dos homens (R$ 2.273). A diferença, que era de -10,0% em 2023, aumentou para -11,4% em 2024.
A desigualdade racial é ainda mais acentuada. Trabalhadores autodeclarados pretos tiveram rendimento médio de R$ 1.813, o que equivale a apenas 59,8% do que recebem os brancos (R$ 3.030). Em 2023, a proporção era de 68,9%. Já os pardos receberam em média R$ 2.060 em 2024, representando 68,1% da renda dos brancos — um recuo em relação ao ano anterior, quando o índice era de 71,2%.
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