Em menos de uma semana, médicos de todo o país votarão para a renovação do Conselho Federal de Medicina (CFM). Você, não-médico, com certeza deve estar se perguntando o que diabos tem com isso se não pertence a essa categoria. Respondemos: se a relativização do kit covid e outros medicamentos sem eficácia comprovada, o discurso antivacina, a tentativa de proibir um procedimento utilizado no aborto legal ou de restringir medicamentos à base de maconha medicinal e a possibilidade de tantas outras medidas tidas como conservadoras e negacionistas na saúde podem te afetar, com certeza essa eleição deve ser do seu interesse.
Nada de projetos para a saúde e os médicos e nem pensamentos sobre a prática e a ética médica. “Garantidamente anti-Lula”, “anti-PT”, “chapas de direita”, “Não deixaremos Lula e Padilha comandarem o CFM” e até “Luciano Hang apoia essas chapas”. Aparentemente, esses são motivos determinantes na escolha da chapa para o Conselho Federal de Medicina, afinal são elas as chamadas que vêm sendo massivamente usadas nos grupos de médicos para convencer os médicos votantes. São espécies de santinhos digitais, às avessas, que assediam os profissionais e expõem a polarização e partidarização envolvida neste pleito.
Essa contaminação ideológica não surgiu agora. Ela, na verdade, teve maior evidência em um dos momentos mais críticos da saúde: a pandemia da Covid19, período que deixou 700 mil mortos no Brasil, mas que foi também marcado por um show de horrores no Palácio da Alvorada, com direito a presidente imitando pessoa com falta de ar, sacudindo caixa de medicamentos sem eficácia comprovada e questionando vacinas.
A atual gestão, eleita em 2019, mostrou alinhamento a essas agendas da extrema direita com uma série de medidas (detalhadas na tabela abaixo) conservadoras e negacionistas. Agora, na porta da eleição, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem se mobilizado para ajudar a eleger seus apoiadores no conselho. Mas há adversários nessa luta. Contra a ideologização dentro do CFM, chapas surgiram na oposição para fazer frente ao negacionismo.
Bolsonarismo
Na internet, o atual presidente do CFM, José Hiran Gallo, celebrou a vitória de Jair Bolsonaro em 2018, e uma de suas vices, Rosylane Rocha, comemorou o 8 de Janeiro.
Kit covid e antivacina
Alegando autonomia médica, o CFM autorizou a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada na Covid. Já sobre a vacina, publicou uma enquete questionando sua obrigatoriedade.
Anti-aborto
O PL do Estupro veio a reboque justamente de uma resolução do CFM que proibia a assistolia fetal (usado no aborto legal). A medida foi derrubada pelo STF, mas em reação, no mesmo dia, parlamentares apresentaram o PL na Câmara dos Deputados.
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