4 em cada 10 baianos ainda não tomaram a dose de reforço

Ainda que a melhora nos números da pandemia tenha possibilitado a flexibilização de diversas medidas restritivas em Salvador, como a retomada de eventos e o uso opcional de máscaras em diversos ambientes abertos e fechados, a aplicação da dose de reforço parece ter empacado na capital baiana. De acordo com o Vacinômetro da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 1.176.288 pessoas já receberam a proteção extra desde o começo da estratégia em agosto do ano passado, representando 59% da população alvo. Os faltosos com 18 anos ou mais já passam dos 600 mil em Salvador, que tem um público estimado em pouco mais de 2 milhões de pessoas que precisam receber o reforço.

Vale enfatizar que a 3ª dose, antes destinada a públicos mais vulneráveis como pessoas imunossuprimidas, idosos e gestantes, passou a ser recomendada a toda a população para manter a efetividade dos imunizantes após alguns meses da segunda aplicação e sobretudo após o surgimento de variantes mais transmissíveis da Covid-19, como a Delta e posteriormente a Ômicron, que passou a dominar as transmissões na Bahia. Para reverter essa situação, a SMS disse continuar adotando a estratégia ‘Liberou Geral’, que consiste em permitir a vacinação do interessado que tenha cartão do SUS vinculado a qualquer um dos 417 municípios baianos, ainda que ele não resida na cidade ou tenha iniciado seu ciclo vacinal em outro lugar. Deste modo, foi eliminada a necessidade de um cadastro prévio para conseguir tomar o imunizante.

Além disso, foram ampliados os pontos de vacinação destinados à terceira dose; para hoje, foram escolhidos 21 postos fixos e três de drive-thru, além de pontos na loja Ferreira Costa, em Pituaçu, e no Shopping Bela Vista. A expectativa é de que, com mais alternativas para a população, mais pessoas reforcem seu ciclo vacinal. Para o infectologista Antônio Bandeira, a vacinação foi grande responsável para a melhora dos números na Bahia, e consequentemente possibilitou um afrouxamento das medidas restritivas. Assim, deve ser incentivada. “É fundamental que todo mundo se vacine, com a vacinação completa, e com a terceira dose. E, para quem tem acima de oitenta anos, a quarta dose. É nesse esforço que a gente pode começar a flexibilizar o uso das máscaras”

Embora Salvador não esteja entre as treze capitais que apresentam tendência de crescimento a longo prazo em relação à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), conforme a última edição do Boletim Infogripe,elaborado pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), pesquisadores do instituto acreditam que além da necessidade de ampliação da cobertura vacinal para reduzir o número de infecções e óbitos, o momento exige atenção em outras medidas adotadas durante a pandemia, como o uso de máscaras. “Consideramos prudente a manutenção do uso de máscaras para determinados ambientes fechados, com grandes concentrações de pessoas (a exemplo dos transportes coletivos), ou mesmo abertos em que haja aglomerações”.

Bahia

Com mais flexibilizações nos municípios, e alguns colocando o uso de máscara como opcional mesmo em locais com alta concentração de pessoas, a situação da dose de reforço em nível estadual precisa melhorar. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou à reportagem que 3.142.246 cidadãos já deveriam ter retornado aos postos para receber a proteção extra. Há, ainda, 1.042.660 pessoas que sequer voltaram para tomar a segunda dose contra a Covid-19. É bom saber que a vacinação incompleta deixa o organismo mais vulnerável a quadros mais graves da doença.

No Vacinômetro da pasta estadual, as três piores coberturas do reforço estão em Iguaí (2%), Bonito (3,43%) e em Maiquinique (8,37%). Por outro lado, três cidades baianas passaram dos 100% de aplicação das vacinas. Ibipeba (113,09%), Boninal (111,62%) e Uibaí (101,56%). O governador Rui Costa (PT) já adiantou que espera o índice de casos ativos baixar para menos de mil para tirar a obrigatoriedade das máscaras em ambientes fechados na Bahia. Até o fechamento desta edição, eram 1.092 pessoas ainda lutando contra a doença.

“A maior recomendação é que todo mundo se vacine. A vacina protege, a vacina salva vidas. O meu pedido é que o povo vá se vacinar, tome a primeira, segunda, terceira dose, pra gente se proteger desse vírus e possa salvar mais vidas”