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Abuso premeditado: o que se sabe e o que falta esclarecer sobre morte de menina em Salvador

Suspeito confessou ter violentado sexualmente e depois asfixiado Aisha Vitória, de 8 anos, no bairro de Pernambués. Homem já havia sido preso por abuso sexual em 2015.

24/07/2024 09h19
Por: Karoliny Dias Fonte: G1 Bahia
Aisha Vitória foi morta no bairro de Pernambués. — Foto: Arquivo Pessoal
Aisha Vitória foi morta no bairro de Pernambués. — Foto: Arquivo Pessoal

O homem que confessou ter abusado sexualmente e assassinado a menina Aisha Vitória Santos da Silva, de 8 anos, revelou que o crime foi premeditado. Joseilton Souza da Silva, de 43 anos, matou a criança na noite de segunda-feira (22), no bairro de Pernambués, e abandonou o corpo na madrugada de terça (23).

O corpo de Aisha foi encontrado com marcas de violência, em cima de sacos de construção, na Travessa São Jorge. O local fica a cerca de 30 metros da residência onde ela morava com os pais e os irmãos. Vizinho da família, Joseilton também vivia na área.

Horas após o crime, ele foi abordado pela polícia, confessou os crimes e foi detido em flagrante. A Polícia Civil pediu a conversão da prisão em preventiva.

site e a TV Bahia tiveram acesso ao depoimento prestado pelo suspeito. Aos investigadores, ele assumiu que premeditou o abuso sexual e descreveu as agressões.

Confira abaixo agora o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o crime, que gerou grande comoção na comunidade e motivou um protesto.

Qual a cronologia do crime?

Joseilton disse à polícia que se mudou para a localidade há cerca de quatro meses e "sempre observava a criança" quando ela passava por sua porta a caminho da escola ou quando saía para brincar. O registro do depoimento indica que ele, "premeditadamente, decidiu faltar ao trabalho, posto que já pretendia atrair a vítima para sua casa".

Entenda a cronologia do crime, segundo a confissão do suspeito:

- 16h30 - Aproveitou que Aisha brincava sozinha para chamá-la até a casa dele. Como a menina não aceitou, ele "tapou a boca" dela e a puxou à força.

- Dentro do imóvel, usou uma boneca furtada de outra criança para acalmar a menina e evitar que ela gritasse por socorro. Depois disso, ele admitiu que abusou sexualmente da criança e a estrangulou "para que ela perdesse a consciência".

- 18h - Disse que a criança estava viva, porém desacordada, e notou familiares e vizinhos procurando por ela.

- 19h - Decidiu matar a menina por entender que, se a libertasse, "seria descoberto". Joseilton a estrangulou até a morte.

- Ao longo da noite, ele limpou vestígios do crime e avaliou como abandonar o corpo.

- 3h30 - Ao perceber que as buscas tinham sido interrompidas, saiu e deixou o corpo em um beco, em cima de sacos de entulhos, próximo à rua em que morava.

- De volta à residência, percebeu que se esqueceu dos chinelos e os atirou no telhado da vizinha para ocultar provas. Fez o mesmo com a boneca, escondendo-a atrás da geladeira.

- Em seguida, tomou banho e dormiu no mesmo colchão em que matou a garota.

- Pela manhã, conta que acordou com gritos dos pais da vítima que haviam encontrado o corpo dela.

Qual a relação do suspeito com a família?

Morador da localidade há cerca de quatro meses, Joseilton disse que tinha amizade apenas com o proprietário do imóvel que alugava e com o dono de um bar da região. Ele disse que não interagia com outros moradores.

Apesar disso, "sabia quem era quem" a família de Aisha e já tinha até consumido bebida alcoólica com a mãe dela em um estabelecimento da área.

Quando a criança foi dada como desaparecida?

Também em depoimento à polícia, a mãe de Aisha disse que ela saiu de casa por volta de 14h30 de segunda (22) para ver a avó, que mora a cinco casas de distância. A família relatou que a criança e a irmã costumavam brincar entre uma residência e outra.

À tarde, a mulher saiu para levar outro filho ao médico e, por volta das 17h, quando o pai chegou em casa e procurou pelas meninas, começaram as buscas. Familiares de Aisha chegaram a acionar a polícia, que os recomendou aguardar mais 24 horas.

Ainda assim, parentes e vizinhos seguiram buscando o paradeiro da menina até 2h40.

O corpo dela foi encontrado por outro vizinho, às 4h20, com marcas roxas nas pernas e costas. Ele logo chamou os parentes, que acionaram a polícia, e os agentes deram início às oitivas para esclarecer o caso.

Como a polícia chegou até o suspeito?

A Polícia Civil não esclareceu de onde partiram as suspeitas contra Joseilton. A mãe pontuou, em depoimento, que foi questionada sobre vizinhos que moravam sozinhos e lembrou do homem. Ela destacou que ele não ajudou nas buscas.

Vizinho confessou ter matado Aisha Vitória, de 8 anos — Foto: Reprodução/TV Bahia

O próprio Joseilton também afirmou que ficou acompanhando o caso dentro de casa e até faltou ao trabalho por medo de ser descoberto.

Ele disse que agentes pediram acesso à casa dele e fizeram perguntas. Inicialmente, o homem mentiu dizendo que a boneca escondida atrás da geladeira seria de sua filha, mas depois caiu em contradição ao informar que possui apenas filhos do sexo masculino.

Com isso, ele confessou os crimes e saiu do local preso no fim da manhã de terça (23), sob gritos de "assassino" e "vai morrer".

Após a confissão, outros moradores tentaram linchá-lo. Para evitar que ele fosse agredido, policiais militares chegaram a dar tiros para cima, na tentativa de dispersar a multidão.

Quem é Joseilton?

O homem trabalhava em uma empresa de construções e morava no bairro de Pernambués há cerca de quatro meses. Ele revelou à polícia que "tem o hábito de 'brincar' com crianças de tenra idade, principalmente do sexo masculino".

Em 2015, chegou a ser preso em flagrante após tentar abusar sexualmente de outra criança.

Conforme relato do suspeito, isso ocorreu quando ele invadiu uma casa em São Gonçalo dos Campos, a cerca de 130 km de Salvador, para roubar um celular. O abuso só não teria sido concretizado porque o pai das crianças e a polícia teriam chegado ao local.

Apesar disso, ele diz que "sequer responde a processo criminal". A Polícia Civil confirmou ao site que o homem foi solto dias após a prisão.

Como estão as investigações?

A Polícia Civil pediu que a Justiça converta a prisão de Joseilton em preventiva. Em cerca de 30 dias, o laudo pericial, detalhando a causa da morte de Aisha, também deve ser divulgado.

Até o momento, o suspeito não indicou advogado de defesa para representá-lo em processo por homicídio e estupro de vulnerável. Nos próximos dias, ele deve passar por audiência de custódia.

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