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MP junto ao TCU pede análise do gasto governamental com kits de robótica

Os kits de robótica foram adquiridos pelo FNDE levantaram suspeitas por serem destinados "a escolas que sofrem com uma série de deficiências de infraestrutura básica, como falta de salas de aula, de computadores, de internet e até de água encanada", diz o documento.

08/04/2022 09h53
Por: Karoliny Dias Fonte: Folhapress
Foto: Divulgação/TCU
Foto: Divulgação/TCU

O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) protocolou um pedido para a presidente do Tribunal, Ana Lúcia Arraes de Alencar, a fim de que seja aberta uma investigação sobre os gastos de R$ 26 milhões do governo em kits de robótica para escolas com escassez de outros recursos, conforme publicou a Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (7). 

Os kits de robótica foram adquiridos pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão ligado ao Ministério da Educação, e levantaram suspeitas por serem destinados "a escolas que sofrem com uma série de deficiências de infraestrutura básica, como falta de salas de aula, de computadores, de internet e até de água encanada", diz o documento. 

Assim, a procuradoria argumenta que os colégios de pequenas cidades do Alagoas possuem demandas mais urgentes e não têm "a mínima estrutura física e operacional necessária para as ações pedagógicas utilizando os materiais adquiridos". 

A representação ainda ressalta que os kits teriam sido comprados por "valor muito superior ao praticado no mercado e ao de produtos de ponta de nível internacional". Cada um teria custado cerca de R$ 14 mil. 

"A empresa fornecedora dos kits de robótica para as escolas de Alagoas é a Megalic, que funciona em uma pequena casa no bairro de Jatiúca, em Maceió, com capital social de R$ 1 milhão", destaca. 

O pedido usa de base a reportagem da Folha de S.Paulo e afirma que as informações podem indicar "graves irregularidades". 

FNDE e Centrão

O FNDE é presidido por Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira (Casa Civil) e indicação direta do centrão, que faz parte da base de apoio do governo Jair Bolsonaro (PL). 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já chegou a dizer que o centrão é uma "força moderadora". Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, a empresa que fornece os kits de robótica, a Megalic, pertence a aliados de Lira. 

O presidente da Câmara controla parte das emendas do relator do Orçamento, porém afirmou não ter envolvimento na contratação de empresas pelas prefeituras e negou ter solicitado algo que ultrapasse os critérios técnicos do FNDE. 

A Folha aponta que a Megalic está em nome de Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD). A proximidade do vereador e de seu pai com Lira é pública —eles aparecem até fotografados juntos.

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