Se a pandemia de Covid-19 parece uma memória distante para alguns, uma espécie de outra vida, ao analisar determinados setores e índices ainda podemos ver os efeitos do coronavírus. Foi apenas em 2023, que a expectativa de vida chegou a 75,6 anos na Bahia, número que representa um retorno ao patamar pré-pandemia, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Durante a pandemia, em 2021, o índice chegou a 73, 4 - o menor desde 2006. Outros dados divulgados pelo instituto indicam uma melhora na taxa de mortalidade infantil e esperança de longevidade para a população idosa no estado.
A expectativa de vida na Bahia aumentou 10 meses e 24 dias de 2022 para 2023, porém ainda assim o estado tem uma média menor que a do país (76,4), e a 10ª mais baixa entre os estados, além de ter o sexto pior número do Nordeste. A posição da Bahia com os dados de esperança de vida ao nascer tem a ver com a mortalidade de idades mais jovens, especialmente homens entre 15 e 24 anos, conforme a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.
“A gente olha que a esperança de vida ao nascer no estado é uma das mais baixas do país, porém a esperança de vida aos 60 anos no estado está entre as mais altas, é porque há uma mortalidade concentrada entre homens de 15 e 24 anos, principalmente 18 e 24, por causas ligadas a violência, acidentes, suicídios, ocorrências violentas que acometem bem mais os mais jovens e muitos homens, então isso é uma questão no perfil de mortalidade do estado”, explica.
Ainda conforme os dados do IBGE, a esperança de vida ao nascer dos homens subiu de 70,7 em 2022 para 71,6 em 2023 - mais de 10,8 meses. Enquanto para as mulheres o aumento foi de 78,8 para 79,6 anos, mais 9,6 meses, entre 2022 e 2023. Outro dado que chama atenção é o retorno da expectativa de vida ao período pré-pandemia. Em 2020, o número recuou para 74,4 anos, em 2021 para 73, 4 - o menor desde 2006 -, em 2022 voltou a crescer e em 2023 alcançou exatamente o patamar pré-pandemia.
Retorno à normalidade
“Ao tirar o efeito agudo da pandemia que causou um efeito forte no número de mortes, a gente tem um retorno à normalidade desse indicador, voltamos a lidar com as questões mais estruturais da nossa mortalidade no estado e no país como um todo”, comenta Mariana. Ela ainda reforça a importância do estudo para melhorar as condições de vida no estado e em todo o país. “Quando você conhece o perfil da sua mortalidade, você consegue pensar em como atuar para reduzir esses”, comenta.
Mortalidade infantil
Chama atenção também a taxa de mortalidade infantil na Bahia em 2023, que é estimada em 14,5 óbitos de crianças de até 1 ano de idade por mil nascidas vivas. É a 9ª maior entre os estados e está acima da média do país (12, 5 por mil). “Embora o número caia e mostre essa tendência consistente de queda desde o início do século, ainda é relativamente elevada”, conta Mariana. Neste cenário, o sociólogo e docente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Helder Bomfim reforça a importância de ações do poder público para melhor acompanhamento e fortalecimento do pré-natal.
“O que coloca a Bahia nessa posição é a permanência das desigualdades e a dificuldade de acesso à assistência obstétrica no estado. Mesmo com a rede existente, é preciso melhorar o processo de acompanhamento dessas mulheres tanto no pré-natal, quanto no pós-parto. Precisamos pensar em ações voltadas para a nutrição dessas gestantes, perspectivas e projetos para educação na área da gravidez, e principalmente os processos de acompanhamento de pré natal e imunização”, indica.
Esperança de vida
Com relação a população de 60 anos de idade na Bahia em 2023, a expectativa de vida é de mais 22,8 anos, em média, número próximo dos 83, de acordo com o IBGE. Enquanto para os idosos essa esperança é de 21 anos, para as idosas é de 24,5. Os números são maiores que a média nacional - que é de mais 22,5 anos - e colocam a Bahia na 11ª posição entre os estados. A doutora em gerontologia e docente da Wyden, Diane Amorim, aponta esse número positivo por conta das “melhorias nas áreas da saúde, vacinação, saneamento básico, e educação em saúde”.
Ela ainda reforça que é preciso uma atenção ainda maior para essa população. “É preciso pensar em políticas que estimulem a participação social do idoso, que estimulem sua independência funcional, sua saúde, para que dê condição que o idoso esteja inserido na sociedade”, aponta.
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