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Bahia Opinião

Honraria dispensável: Comenda Dois de Julho se distancia de função e fica à mercê de interesses

O pastor Silas Malafaia será o próximo homenageado por defender a heteronormatividade.

19/09/2024 08h42
Por: Karoliny Dias Fonte: Metro1
Foto: Casa Civil/Wagner Lopes
Foto: Casa Civil/Wagner Lopes

Tem homenagem que nem sempre é lá uma homenagem, que às vezes funciona mais como um desmérito. Tudo vai depender da justificativa e dos outros condecorados. A Comenda Dois de Julho, da Assembleia Legislativa da Bahia, acabou se tornando isso. Criada para reconhecer personalidades que contribuíram para o desenvolvimento do estado e do país, ela passou a ser submetida a interesses, puxações de saco, ideologias e vivências dos parlamentares. Nada tem a ver com a Bahia ou a nação.

O caso mais recente é o do pastor Silas Malafaia, que vai ser condecorado com a Comenda sob a justificativa de atuar no combate ao aborto e na defesa da heteronormatividade, conceito que defende que apenas relacionamentos entre pessoas de sexos opostos são normais. O projeto é de autoria do também pastor e deputado Samuel Júnior (Republicanos) e foi aprovado em plenário quase que por unanimidade, apenas os deputados Hilton Coelho (Psol) e Fabíola Mansur (PSB) foram contra. O resultado expõe o corporativismo e a banalização da honraria. Desse tipo de homenagem controversa, Malafaia deve entender. Afinal, foi ele que homenageou Jair Bolsonaro dizendo que “Deus escolhe as coisas loucas para confundir as sábias” e “as coisas sem importância para confundir as importantes”.

Já são mais de 200 condecorados. Entre eles, a ex-primeira dama Michelle, “por amparar os portadores de doenças raras e refugiados de ditaduras socialistas”, e a apresentadora Bela Gil, pela sua defesa à agroecologia. Tem até ex-deputado pastor homenageado por sua atuação como liderança religiosa e especialmente por ter batizado o parlamentar proponente.

Até Marcelo Nilo já recebeu a honraria em uma sessão especial, com toda pompa possível. E a justificativa é que ele fez “política com P maiúsculo” e foi o “único homem público a presidir o Legislativo da Bahia por cinco mandatos seguidos”. Isso porque ele fez de tudo na AL-BA para chegar ao sexto mandato como presidente, imagine o prêmio que estaria à sua altura se tivesse conseguido.

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