Quarta, 18 de Setembro de 2024 22:10
75 9 9702 9169
Bahia Ódio nas redes

Presidente do STF critica funcionamento das plataformas digitais: "Há um sentido perverso para disseminar o ódio"

Durante evento em Salvador, ministro Luís Roberto Barroso disse que as democracias enfrentam dilema entre proteger a liberdade de expressão ao mesmo tempo que tentam impedir queda no "abismo de inseguridade".

14/09/2024 09h00
Por: Karoliny Dias Fonte: G1 Bahia
Presidente do STF participa de congresso em Salvador — Foto: Ailma Teixeira/g1
Presidente do STF participa de congresso em Salvador — Foto: Ailma Teixeira/g1

Interessado nas revoluções sociais e tecnológicas que ocorrem no mundo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, criticou o atual modo de funcionamento das plataformas digitais. Para ele, apesar dos benefícios, a internet "abriu avenidas para discursos de ódio".

"A fala radical, agressiva, grosseira... traz muito mais engajamento do que a fala moderada, racional, a busca pela realidade possível no mundo global. E essas empresas de tecnologia vivem do engajamento, da quantidade de cliques que recebem. Portanto, há um sentido perverso para disseminar o ódio".

A declaração foi dada nesta sexta-feira (13) durante a segunda edição do Congresso "Desafios do Poder Judiciário na Contemporaneidade", realizado em Salvador. O ministro foi o responsável pela palestra magna de encerramento do evento.

Ao comentar a atuação das plataformas durante sua apresentação, ele pontuou que os países enfrentam uma dualidade entre a proteção de direitos constitucionais, como a liberdade de expressão, e o combate à disseminação de fake news, por exemplo.

"Esse é o dilema que as democracias todas estão vivendo, de proteger a liberdade de expressão, mas ao mesmo tempo tentar impedir que o mundo despenque nesse abismo de inseguridade que nenhum de nós gostaria de viver".

Barroso não especificou a quais plataformas se refere, mas, semanas atrás, o ministro afirmou que o comportamento do X, antigo Twitter, não é aceitável. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, o acesso à rede social foi bloqueado há cerca de duas semanas após o dono da plataforma, Elon Mus, não cumprir a ordem que exigia a nomeação de um representante legal no Brasil. Depois, a Primeira Turma da Corte referendou a sentença de Moraes.

"Epidemia de judicialização" entre outros assuntos

Ministro Luís Roberto Barroso criticou funcionamento das plataformas digitais durante evento em Salvador — Foto: Ailma Teixeira/g1Ministro Luís Roberto Barroso criticou funcionamento das plataformas digitais durante evento em Salvador — Foto: Ailma Teixeira/g1

Ao longo de sua participação no congresso, Barroso também falou sobre a atual produtividade dos magistrados em meio ao que chamou de "epidemia de judicialização no Brasil". Ele destacou ainda alguns projetos de sua gestão à frente do STF, como o uso de ferramentas de inteligência artificial para otimizar procedimentos e a criação de um Exame Nacional da Magistratura.

A iniciativa, que está em andamento, visa acabar com "rumores de coisas erradas que ouvimos aqui e ali". O objetivo é exigir que candidatos em concursos para juízes obtenham antes a aprovação no exame.

O congresso

Presidente do STF apresentou conferência magna em congresso do judiciário baiano — Foto: Ailma Teixeira/g1Presidente do STF apresentou conferência magna em congresso do judiciário baiano — Foto: Ailma Teixeira/g1

Realizado na quinta (12) e nesta sexta-feira, o congresso foi realizado pela Escola dos Juízes Federais da Bahia (Ejufba), com apoio da Associação dos Juízes Federais da Bahia (Ajufba) e da Diretoria do Foro da Seção Judiciária da Bahia. Além da apresentação do presidente do STF, a programação do evento incluiu temas como Direito Privado, Penal, Processual e Constitucional. O membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) José Edivaldo Rocha Rotondano fez a conferência magna de abertura.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.