A recente ocorrência de duas mortes por eletrocussão na Bahia, registradas em um intervalo de apenas dois dias — no sábado (29) e na segunda-feira (31) —, ressalta a importância dos cuidados ao lidar com instalações elétricas. Com esses incidentes, o mês de março encerrou com pelo menos seis fatalidades causadas por choques elétricos no estado.
Os acidentes reforçam a posição da Bahia como líder no número de mortes por choque elétrico entre os estados brasileiros. De acordo com a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o estado registrou 79 óbitos em 2024, um aumento significativo em relação a 2023, que contabilizou 61 casos. São Paulo ocupa a segunda posição, com 64 mortes registradas no mesmo período.
Em Pau Brasil, no sul da Bahia, o eletricista Ademilson Santos Teles sofreu uma descarga elétrica enquanto trabalhava em um poste na segunda-feira (31). Apesar de ter sido socorrido, não resistiu aos ferimentos. No sábado (29), Leandro Ormundo Porto foi vítima de um choque elétrico ao tentar desligar uma bomba de água em uma lagoa na zona rural de Guajeru, sudoeste baiano.
O boletim da Abracopel também aponta um crescimento nos acidentes relacionados à eletricidade em todo o país. Em 2024, foram registrados 2.373 incidentes, representando um aumento de 11,6% em comparação ao ano anterior. Desses, 759 resultaram em óbito, um acréscimo de 12,6% em relação a 2023. Os casos de choque elétrico subiram de 986 para 1.077, enquanto os incêndios causados por sobrecarga e curto-circuito aumentaram de 963 em 2023 para 1.186 em 2024, um crescimento de 23,16%.
A liderança da Bahia nesses índices há 11 anos é atribuída a diversos fatores. Além de ser um estado populoso, com mais de 14 milhões de habitantes, grande parte da população reside em áreas rurais, onde os serviços elétricos são frequentemente precários. A morte de Leandro em Guajeru, ao manusear uma bomba de água, exemplifica essa realidade. Situação semelhante ocorreu com Luanderson Silva Alves, de 11 anos, no dia 3 de março, em Lajedo Grande, zona rural de Retirolândia.
Outros casos registrados em março incluem Joacy Nunes Barreto, 59 anos, que sofreu um choque elétrico ao manusear uma tomada em Ipuaçu, zona rural de Feira de Santana; e os eletricistas Leandro Almeida, 39 anos, e Reginaldo Rocha, 46 anos, que morreram durante o trabalho em Tanquinho e Juazeiro, respectivamente.
Fatores
A Abracopel destaca que diversos fatores podem levar a acidentes fatais por choque elétrico, tais como manutenção inadequada sem a presença de profissionais qualificados e ausência de equipamentos de segurança.
Em residências, instalações antigas, cabos e fios de má qualidade e o uso excessivo de aparelhos conectados em uma única tomada são causas comuns. O uso indevido de adaptadores de tomada, conhecidos como "benjamins", também é apontado por especialistas, pois podem sobrecarregar e aquecer a rede elétrica.
O engenheiro elétrico Mario Cesar Soares recomenda substituir os benjamins por extensões com fusível, que se queimam quando a carga é ultrapassada, prevenindo acidentes. Ele alerta que, com o aumento do número de aparelhos elétricos ao longo dos
anos, é essencial contar com equipamentos adequados e realizar revisões periódicas na instalação elétrica para garantir que ela suporte a carga demandada.
Prevenção
Para prevenir acidentes elétricos em casa e no trabalho, é fundamental adotar medidas de segurança. O Corpo de Bombeiros sugere as seguintes orientações. São elas: verificar o estado das instalações elétricas, observando se existem fios desencapados; substituir fiações antigas e manter os cabos isolados em locais adequados, como canaletas e conduítes, longe do alcance de crianças.
As tomadas devem ser protegidas com tampas apropriadas para impedir o acesso de crianças. O uso excessivo de benjamins ou extensões deve ser evitado, pois conectar muitos aparelhos em uma única tomada pode resultar em sobrecarga e curto-circuito na fiação.
É essencial manter os aparelhos elétricos afastados de líquidos, uma vez que água e eletricidade representam uma combinação perigosa, aumentando o risco de choques elétricos. Após o uso, os aparelhos devem ser desligados da tomada, especialmente aqueles de pequeno porte, que podem ser facilmente esquecidos. Além disso, é recomendável que sejam mantidos fora do alcance de crianças para evitar acidentes.
A instalação de dispositivos de proteção também é uma medida fundamental. O Dispositivo Diferencial Residual (DR) é eficaz na prevenção de curtos-circuitos e choques elétricos, enquanto o Dispositivo de Proteção Contra Surtos (DPS) ajuda a evitar danos causados por sobretensões na rede elétrica.
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