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Polícia Morte

Médico que realizou transplante capilar que resultou em morte do paciente é indiciado por homicídio culposo

Cláudio morreu após passar mal em uma clínica de implante capilar, no dia 27 de março deste ano.

25/10/2022 13h01
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Cláudio morreu após passar mal em clínica de implante capilar na Bahia — Foto: Arquivo Pessoal
Cláudio morreu após passar mal em clínica de implante capilar na Bahia — Foto: Arquivo Pessoal

A delegada Ludmilla Vilas Boas, que comanda a 1a Delegacia Territorial de Feira de Santana, denunciou o médico que realizou o transplante capilar em Cláudio Marcelo de Almeida por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Cláudio morreu após passar mal em uma clínica de implante capilar, no dia 27 de março deste ano.

O resultado do laudo pericial sobre o caso aponta que Cláudio foi a óbito após uma intoxicação por causa do anestésico aplicado durante o procedimento. A delegada ressaltou que a intoxicação não configura processo alérgico. 

Segundo ainda Ludmilla, a demora para que o laudo saísse foi em razão do laudo cadavérico que concluiu que a morte se deu de forma exógena, por intoxicação por lidocaína. "Aliado a isso, Cláudio não fez todos os exames pré-operatórios necessários. Ele não passou sequer por uma avaliação cardiológica".

A delegada lembrou que o transplante capilar é um procedimento cirúrgico e, como tal, envolve riscos. "Houve a negligência médica na questão dos exames pré-operatórios e também imperícia no momento em que ele ministrou excessivamente a quantidade de anestésico que levou ao óbito do Cláudio".

Ludmilla questionou se seria necessário a presença de um anestesista em um procedimento como esse ao Conselho Regional de Medicina, mas não obteve resposta. "Diante das circunstâncias e por se tratar de um procedimento cirúrgico, ele teria que ter tido outras cautelas que não teve, principalmente em relação aos exames pré-operatórios".

O transplante capilar é uma especialidade nova que não tem  especialização profissional, diz a delegada. "Alguns médicos que estudaram e se habilitaram na área, contudo não tem título de cirurgião. Não havendo o conhecimento técnico da cirurgia de transplante capilar, muito embora ele soubesse fazer, não tinha habilitação técnica para isso. É algo que também levamos em consideração. A causa morte do paciente foi por causa do excesso de lidocaína no organismo".

Como não houve a intenção de matar, a delegada entendeu que não há necessidade do pedido de prisão preventiva. O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público para que o promotor faça a sua averiguação, podendo devolvê-lo a Delegacia para novas diligências se assim entender, ou apresentar a denúncia ao Judiciário ou entender pelo arquivamento. "Cabe agora ao MP se pronunciar".

Para quem for algum procedimento cirúrgico, a delegada afirmou que é importante se saber com quem você está tratando, independente da especialidade médica. "As pessoas precisam também saber das suas limitações físicas porque na vontade de resolver um problema estético esquece a questão da prevenção e de cuidar do próprio corpo antes de se submeter a procedimentos", concluiu.

Com informações do repórter Sotero Filho

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